Que as barcaças do tempo me devolvam
a primitiva urna das palavras.
Que me devolvam a ti e o teu rosto
como desde sempre o conheci: pungente
mas cintilando de vida, renovado
como se o sol e o rosto caminhassem
porque vinha de um a luz do outro.
Que me devolvam a noite, o espaço
de me sentir tão vasta e pertencida
como se as águas e a madeira de todas as barcaças
se fizessem matéria rediviva, adolescência e mito.
Que eu te devolva a fome do meu primeiro grito.
Hilda Hilst
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