quarta-feira, 27 de março de 2013

SONETO - CANTARES E TANGERES






"Eu quero fazer música com minha dor".
 Traga-me pois, bela taça de vinho tinto.
 Ao primeiro trago, saberás o que sinto.
 Co'amargos versos, degusto seco sabor.

 E, traga-me ainda, meu violão por favor!
 Plangente acalanto para um amor extinto.
 Já não anseio sair desse labirinto,
 a solidão abafou meu débil clamor.

 Angústia, desespero, já não me amedronta.
 A treva sentinela também não me afronta,
 desilusão alguma me leva ao abismo.

 Mesmo abraçado a minha dor, valsarei tangos,
 bailarei modinhas, folias e fandangos.
 Da minha própria dor, eu só quero o lirismo.

                                                          Manuel de Azevedo



domingo, 17 de março de 2013

ADRIANA CRUZ




Poeta pauferrense


A poesia nasce do simples
Abre-se como uma rosa no amanhecer
Beleza da vida estampada no ar...
E nas páginas... 
Não sabe se grita 
ou se geme...
Se teme os açoites na carne
Ou se afoita-se na alma - destemida.
É a vida de todos vista por um
É o templo no tempo comum
É poesia, seja que dia for. 




                                       Adriana Cruz

quinta-feira, 7 de março de 2013

DANTESC'AZIA









Como mentem deliberadamente
Tais máquinas contemporâneas,
Tais homens inconsequentes,
Oh, como mentem, como mentem,
Esmolam-se discursos negligentes,
Óleo negro de torneiras
Escorre...sobre leitos,
Sobre o peito de crianças,
De indigentes.
Sucumbem conteúdos, peles,
Sentimentos...
Ao meio de esgotos, aracnídeos,
Teias de podre existência,
Gritos lentos,
Humanoides,
Liberal mentira de máquina cardíaca...
Azia, dantesc’azia,
Liberais mentiras de máquinas cardíacas!

                                                       Yuri Hícaro