Poeta Pauferrense |
Ele estava sempre aqui entre nós
cheirando cola
E eu estava sempre na mesma série na
mesma escola
Todo dia é um novo dia de luta
Tudo o que aprendi lá foi chamar
O professor de “filho da puta”.
Às vezes me sento no meio-fio
E choro por pensar no meu filho
Que está por aí morrendo de fome e frio,
Porque fui embora na hora de esconder a
culpa
Meu peito tem uma faca afiada com o seu
nome
E pra mim todo dia é um novo dia de
luta.
Quantas lágrimas valem um fim?
Quantos beijos valem um olhar?
Só estou querendo saber de ti se o amor
é assim?
Se o sofrimento é capital ou se vale
apena gozar?
Vou te comprar uns presentes
E dizer que te amo
Depois te pedir perdão
Por ser vulgar num lugar como este
Por ser sincero com o meu engano,
Ou seja, por ser como eu sou
Mas eu sei que todo dia é um novo dia de luta.
Enquanto eu te falo toda minha vida
A panelinha hipócrita tá se enlameando
E se limpando na sua cara.
Deixe suas malas, portas e janelas
abertas
Não mexa no que está arrumado
Não mexa nas respostas certas
Não deixe Juliana se esvair assim tão
fácil
A morte está na desistência pelo que é
frágil
Aceite novos conceitos, aceite ela de
volta
Pense que não há muitos como essa
garota.
Entenda logo o fogo que quero dizer
Se todo dia é um novo dia de luta
A juventude muda com as conveniências do
poder
E alguém como eu só escuta o silêncio do
medo,
Só escuta tiros, gritos e palavras de
ordem pela manhã cedo,
Só escuta promessas, desculpas e
repressão,
Só escuta falar numa tal liberdade de
expressão,
Falo pouco sobre a verdadeira escolha
Porque todos escolhem viver de cabeça
erguida pro chão.
Jayr Alencar Lima
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