Grande Poeta Mossoroense |
Acene, para mim, de algum lugar...
levante tua mão eme saúde,
nem que seja à beira do ataúde
em que minh'alma irá repousar.
Acene, para mim, bem devagar...
da beira do abismo e desfrute
da imagem que fui - ser tão rude...
do desejo de nunca me vingar!
Sobre os ombros, o peso dos teus olhos
desequilibra-me na montanha e os abrolhos
cortam-me os pés na subida infame...
Levo esta pedra, minha cara senhora,
como o Sísifo de mim, na vida afora
a conduzi-la sem o teu nome...
Mário Gerson
Que belo soneto! Parabéns! Como não fui agraciada com o dom de poetar minha poesia deixo aqui um soneto que adoro, de um paraibano assim como eu, só que porreta!
ResponderExcluirA Esmola de Dulce - Augusto dos Anjos
E todo o dia eu vou como um perdido
De dor, por entre a dolorosa estrada,
Pedir a Dulce, a minha bem amada
A esmola dum carinho apetecido.
E ela fita-me, o olhar enlanguescido,
E eu balbucio trêmula balada:
- Senhora dai-me u'a esmola - e estertorada
A minha voz soluça num gemido.
Morre-me a voz, e eu gemo o último harpejo,
Estendendo à Dulce a mão, a fé perdida,
E dos lábios de Dulce cai um beijo.
Depois, como este beijo me consola!
Bendita seja a Dulce! A minha vida
Estava unicamente nessa esmola.
http://softvelvet.blogspot.com.br/2009/11/esmola-de-dulce-augusto-dos-anjos.html
Companheira Ines Mota, de família de poetas e cantadores, paraibanos e seridoenses, esse poema é de um lirismo apaixonante, assim como formidável é a poesia de Augusto dos Anjos, grande expressionista!
ResponderExcluirUm grande abraço, minha amiga!