sábado, 21 de novembro de 2015

PRISCILA MERIZZIO




Priscila Merizzio



dormir o corpo
adiposo no edredom
florido
ocultar a epilepsia
imaginária
ouvindo Joy Division
fugir do sono derradeiro
que se refaz nas
barbas noturnas
morder angústias
picando na aorta
água marinha
faisão mastiga o
boldo das horas
sonho tapa
a lucidez
dos risos
sombra presa em
trapiches podres
amar o inexistente
vazio preenchido com vazio
múmia, pele sem órgãos
casca de cobra na floresta
o creme da vida é luz
atravessando vitrais
de igrejas iluminando uma
das faces
ajoelha-se o homem
implorando a melissa das manhãs
trabalho, matrimônio
atormenta-se como os santos
nímia escuridão
onde viveu
canonizando sombras




                                                                            Priscila Merizzio




2 comentários:

  1. Que layout caprichoso, Yuri. Muitíssimo obrigada pela publicação do poema. Foi muito querido de sua parte. Um beijo gentil. :*

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    1. Saudações, poeta. Que bom que gostou! Testemunhar publicações do quilate de Minimoabismo me colocam numa posição extremamente feliz - que é a condição de leitor e a condição de escritor. Viva essa literatura jovem que amadurece pouco a pouco aqui no Brasil. Obras como o seu livro e o de Marcelo Ariel demonstram que há comprometimento e trabalho sério com as letras.

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