quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A PORTA


Deífilo Gurgel


Deste lado da porta é noite, já.
Os homens adormecem seus cuidados.
Pelo campos desertos, os arados
pesam, negros e inúteis, ao luar.

Deste lado da porta ruge o mar
dentro da noite. Os pássaros cansados
pousaram nos meus olhos tresnoitados
e dormem ao relento, sem cuidar

que do outro lado desta porta é dia
e que somente um sopro bastaria
para esta porta abrir-se do outro lado.

Então, de súbito, amanheceria
e o que em sonho repousa, deste lado,
do outro lado da porta acordaria.



                                                                              Deífilo Gurgel




Um comentário:

  1. Soneto indicado por Racine Santos, poeta e Dramaturgo.
    Fonte: Preá 27 Maio, Junho, Julho 2014

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