Arturo Gouveia |
em janelas de sonhos me debruço...
Tremo, coro, me engasgo, babo, tusso:
É teu corpo me enchendo de muleta.
Aguço o pulso cheio de soluço
e te dedico esplêndida punheta.
Deslizo e bailo a língua na buceta
com a fineza de um dançarino russo.
Enquanto com conceitos sofrem os sábios,
eu já me imortalizo com teus lábios
que deixam minha pomba despelada.
Na velhice, que a mente desarranja,
quando teu cu embranquecer a franja,
sempre me lembrarei dessa trepada.
Arturo Gouveia
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