segunda-feira, 19 de novembro de 2012

NO CABARÉ-VERDE ÀS CINCO HORAS DA TARDE



Arthur Rimbald



Oito dias a pé, as botinas rasgadas
Nas pedras do caminho: em Charleroi arrio.
- No Cabaré-Verde: pedi umas torradas
Na manteiga e presunto, embora meio frio.

Reconfortado, estendo as pernas sob a mesa
Verde e me ponho a olhar os ingênuos motivos
De uma tapeçaria. - E, adorável surpresa,
Quando a moça de peito enorme e de olhos vivos

- Essa, não há de ser um beijo que a amedronte! -
Sorridente me trás as torradas e um monte
De presunto bem morno, em prato colorido;

Um presunto rosado e branco, a que perfuma
Um dente de alho, e um chope enorme, cuja espuma
Um raio vem doirar do sol amortecido.

                                                           Arthur Rimbald


DA ESQUERDA PARA A DIREITA: Verlaine, Rimbald e outros poetas.
      

2 comentários:

  1. Esse aí é uma genialidade que eu não posso deixar de comentar, sendo sua irreverencia e sua ousadia de anarquista fatores que me influenciam até hoje, juntamente com as cores de sua poética1

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  2. Rimbaude está enchendo minhas portas e janelas, espero que ele encha minha casa! Fico grato pelo poema, é magnífico.

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