terça-feira, 30 de agosto de 2011
LAMENTO
Yuri Hícaro
Lamento sufocar minha
estupides nestes versos...
ignorantes
ignorados;
Lamento liberar
meu absurdo,
meu sonho
para um mundo vigiado;
ignoro não ser escutado,
um fingimento...pragmático.
Eu sinto
as lágrimas que escorrem,
o fogo que queima,
o vôo subestimado
com o sufocar dos meus lamentos.
Eu lamento tudo isso,
freneticamente,
com o sinzelar de alguns cigarros...
pensamentos.
É misto o meu segredo
o meu veneno,
um escremento a lamentar
o escremento,
o veneno a envenenar
o meu lamento...
É o lamento a alimentar
o meu momento.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
RUA (TRAIRI)
Zila Mamede
Nos cubos desse sal que me encarcera
(pedra, silêncios, picaretas, luas,
anoitecidos braços na paisagem)
a duna antiga faz-se pavimento.
Meu chão se muda em novos alicerces,
sob as pedreiras rasgam-se meus passos;
e a velha grama (pasto de lirismos)
afoga-se nos sulcos das enxadas,
nas ânsias do caminho vertical.
Ao sono das areias abandonam-
se nesta rua vívidos fantasmas
de seus rios-meninos que descalços
apascentavam lamas e enxurradas.
Meu chão de agora: a rua está calçada.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
AMAR
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 9 de agosto de 2011
IKARO MAXX DE ARAÚJO
Ikaro Maxx
Eu, quando criança
comendo lágrimas
num dia sem tempo
no horizonte do silêncio
descobri que morrera
vítima de mim mesmo
com uma bala
encravada no pensamento
Eu, quando criança
comendo lágrimas
num dia sem tempo
no horizonte do silêncio
descobri que morrera
vítima de mim mesmo
com uma bala
encravada no pensamento
terça-feira, 2 de agosto de 2011
ACAMPAMENTO DA JUVENTUDE
Yuri Hícaro
Bom trato
no respeito às diferenças ,
etodasasletrasamontoadas...
ovo e clara semi-despida
na redoma do acampamento.
Tomadas assim
tão violentamente as dores,
a marcha por um ideal...
na espera pela partida do sol
a juventude em seu momento.
Bom trato no respeito às diferenças,
etodasasletrasamontoadas...
sequelados com dignidade
todos juntos largados,
a juventude na redoma do acampamento;
Havia um lago, uma jovem retida
por tentáculos...
Canabis em noite bela.
Haviam estrelas
e o Chico na canção dela.
Bom trato
no respeito às diferenças ,
etodasasletrasamontoadas...
ovo e clara semi-despida
na redoma do acampamento.
Tomadas assim
tão violentamente as dores,
a marcha por um ideal...
na espera pela partida do sol
a juventude em seu momento.
Bom trato no respeito às diferenças,
etodasasletrasamontoadas...
sequelados com dignidade
todos juntos largados,
a juventude na redoma do acampamento;
Havia um lago, uma jovem retida
por tentáculos...
Canabis em noite bela.
Haviam estrelas
e o Chico na canção dela.
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