sexta-feira, 28 de setembro de 2012

CAVALOS SELVAGENS - DÉRCIO BRAÚNA




POETA DÉRCIO BRAÚNA






                                                 Escritas em suas próprias línguas,
                                                 todas as coisas
                                                 são esses cavalos selvagens
                                                                            que nossas mãos
                                                        de medo-aço
                                                       não domarão jamais




   



      

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

TEMPESTADE






                                            E no sentir
                                      foi que pequei...
                                      foi sentir o seu olhar;

                                                                      tocar

                                            pequei,
                                      por manifestar o meu desejo,
                                            pequei
                                      por me apaixonar...

                                                                      viverei a amar!


                         Yuri Hícaro
                          


o poeta

domingo, 23 de setembro de 2012

ACENO



Flores que brotam no campus




Ontem o acaso nos encontrou na rua.
Quis desejar-nos bom dia,
Dar-nos um abraço prolongado,
Falar-nos da vida pós Pra Sempre.


Pensou em questionar o amor defunto,
Os planos findos no retrato.


Ontem o acaso nos encontrou na rua.
Deu com a mão à contragosto,
Dobrou a esquina,
Levou o resto de nós no aceno.



                                                               Rayane Medeiros

sábado, 15 de setembro de 2012

ANEKE ALLEN



O POETA



Juro que da minha sã consciência
tentei te falar que no mundo
existem dois tipos de pessoas,
os Grandes e os Gigantes,
ficando o resto com
a definição da não existência.

Parece-me que estou
no lado errado da moeda,
mas que moeda? A moeda da troca,
moeda da definição,
moeda que até parece
a supremacia da sociedade.

Eu escarro e cuspo nas definições,
antes mesmo de ser transformado
em Grande ou Gigante
me sustento na balança dos marginais.

                                                              ANEKE ALLEN

terça-feira, 11 de setembro de 2012

POEMA PARA O 11 DE SETEMBRO


Poeta natalense, senhor Pedro Fernandes





com olhos de cristal líquido
coloridos

míopes de cinza e preto

vimos ruir dois mundos de espelhos
cacos corpos corpos cacos pó

o que disseram dos queimados
e dos caídos vivos
procurando eternidades

nada

decidiram apenas
por um último instante de fama
de promoção pessoal anônima

o desenho da vertigem
o silêncio num grito de fuligem

que se repete na mente líquida
com a beleza mais sublime
da nossa própria capacidade
 
    
© Pedro Fernandes

domingo, 2 de setembro de 2012

CHARLES BUKOWSKI








"O homem ao piano
toca uma música
que ele não compôs
canta palavras
que não são suas
em um piano
que não é seu.

enquanto
as pessoas à mesa
comem, bebem e conversam

o homem ao piano
termina
sem aplausos.

então
começa a tocar
uma nova canção
que ele não escreveu
começa a cantar
palavras
que não são suas
em um piano
que não é seu.

e como as pessoas
à mesa
continuam a
comer, beber e conversar

quando
ele termina
sem ser aplaudido
ele anuncia
pelo microfone, que vai
fazer uma pausa
de dez minutos

ele vai
até o banheiro
masculino
entra
em um reservado
tranca a porta
senta
puxa um baseado
e acende

satisfeito
de não estar
ao piano

e as
pessoas às mesas
comendo, bebendo e conversando
satisfeitas
por ele também
não estar lá

assim
acontece
em quase toda parte
com todos e com tudo
enquanto ferozmente
no interior
o
gueto negro incendeia."