quinta-feira, 30 de junho de 2011

PACIÊNCIA

                                                              Yuri Hícaro
                       
Paciência...

Sou muito jovem
Para cultivar este dom em mim;

Eu quero mais é a vida,
Depois a morte para reviver;

Nenhuma outra magia,
Glória ou tendência...
Prefiro a ciência de pouco-a-pouco
Amadurecer...
E crescer, enfim.

Paciência
É eloquência... prudência ;
Na adolescência é o fim.
Definitivamente não combina,
Não vou profanar o dia
À flor galante da singeleza,
Quero é me ferir na aspereza dos espinhos
E depois, naturalmente,
Esperar pacientemente o fim com maestria.



 

domingo, 26 de junho de 2011

DEPOIS DE UM SHOW

                                                         Manoel Cavalcante               

Nas cordas de um bandolin.

Se aquelas cordas vibrando
Valsando num labirinto,
Revelassem-me o tanto
Do  ardor da dor que não sinto...
Eu pontilharia um véu
Riscava traços no céu
Com os dedos de um querubim.
Pareceu-me mais magia,
Meu nada se dissolvia
Nas cordas de um bandolin.

Canoras cordas bailaram
Sussurrando em meu ouvido,
Sem querer sonorizaram
Um silêncio já perdido...
Puseram fogo no lume,
Transformaram meu negrume
Num azul leve, marfim.
Inocente, qual criança,
Afoguei minha lembrança
Nas cordas de um bandolin.

Cordas em nota dorida,
Eram flagelos de açoite,
Um navio "volta-à-vida"
Em apenas uma noite...
Eu apurei a fragância
Que fiz a doses de ânsia
Lá nos recantos de mim;
Meu eu me reconheceu
E ela reapareceu
Nas cordas de um bandolin.

Viajei em mim por dentro
Após sísmicos abalos,
Mas não achei o epicentro
Só vi os restos dos halos...
Encontrei um homem rude
Dedilhando um alaúde,
Qual boêmio em botequim
Com o olhar meio esguio
Transbordando seu vazio
Nas cordas de um bandolin.

Pequenas notas notaram
A paixão voltando às bordas
E as cordas concordaram
Que ainda estou preso às cordas;
De um eu que me faz deboche
Por me fazer de fantoche
No escuro do camarim...
À morbidez do meu quarto
Se eu lembrar dela me parto
Nas cordas de um bandolin... 





segunda-feira, 20 de junho de 2011

A TERRA

                                                                    Yuri Hícaro


               Terra boa...de explosão,
               cabra forte, homem macho,
               o nordeste sertão.

               Acesa lamparina...precaução,
               túrgido sol, o mato,
               expulsou Lampião.

               Capitão!Capitão!
               Torneiras a urinar óleo preto...
               petróleo( ouro de aluvião)!


quarta-feira, 8 de junho de 2011

UM CANTO CONFORME A NOITE

           O blog Poemas da Estrada comemora não apenas o seu sugimento, mas também o lançamento do meu livro, " Um Canto Conforme a Noite", na forme de e-book, dando início a uma jornada por este novo caminho, esta nova vereda virtual, a internet.
            Diante das dificuldades para a publicação do meu trabalho literário impresso, o blog surgiu como alternativa para dar vazão a minha poesia; isso não impede que, por outro lado, tenha continuidade a labuta pelo lançamento do material impresso. Os planos são para que ainda este ano tenhamos uma tarde de autógrafos!
            As duas primeiras postagens, são poemas do e-book para apreciação e divulgação do lançamento, mas como os poemas são, de fato, da estrada, é natural que poemas de outros autores ( canônicos ou anônimos) também sejam postados para o enriquecimento das discussões, como comprova-se ao ver as duas últimas postagens, respectivamente um soneto genial de Vinicius de Morais, e uma poesia da digníssima Diva Cunha.
            No mais, gostaria de agradecer profundamente a ajuda oferecida por Sandrin, que começou desde a criação do blog poemas da estrada até o lançamento em e-book do meu livro...a minha gratidão é eterna!!!

sábado, 4 de junho de 2011

EM CASA SOZINHA...


                                                          Diva Cunha

Em casa sozinha
para matar meu desejo
leio poesias
não beijo
Me masturbo
e me contorço
leio poesias
não ouço
a voz
onda da pele clara
que aflora
sobre meus ossos
Em casa
entre coqueiros e arcos
ouço o desejo e passo
pelo fim do meu desejo
portas adentro atravesso
prendo sonhos entre paredes
minhas mãos prendem nos versos
os meus desejos inda verdes. 



quarta-feira, 1 de junho de 2011

SONETO DE VÉSPERA

                                                    Vinicius de Morais
Quando chegares e eu te vir chorando
De tanto te esperar, que te direi?
E da angústia de amar-te, te esperando
Reencontrada, como te amarei?

Que beijo teu de lágrimas terei
Para esquecer o que vivi lembrando
E que farei da antiga mágoa quando
Não puder te dizer por que chorei?

Como ocultar a sombra em mim suspensa
Pelo martírio da memória imensa
Que a distância criou - fria de vida

Imagem tua que eu compus serena
Atenta ao meu apelo e à minha pena
E que quisera nunca mais perdida...