terça-feira, 30 de outubro de 2012

CRIATURA NOTURNA

poetisa em congresso na UERN/CAMEAM



                                 Criatura noturna...
                                 de hábitos singulares
                                 de semblante límpido
                                 de sensibilidade aflorada

                                 Sentimento na pele, na voz...
                                 movimento corpóreo característico
                                 de um filósofo da escuridão.
                                 Pois a lua sempre se torna musa de
                                 inspiração;
                                 e o néctar para celebrar do flerte
                                 ao coito,
                                 vem das plantas que não rastejam
                                 no chão.


                                                                  Géssica Nunes
                                
                                


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SUBLIMAÇÃO



o poeta em sua arcadia




                     Não consigo sublimar,
                     é difícil concentrar
                     nessa terra de
                     enormes bundas!

                     (Elas estão por todo lado,
                      acompanhadas por belas
                      pernas)

                      Quando não se esta penetrando
                      a solução é se masturbar,

                      nessa tentação, que é existir...

                      Eu não consigo
                      sobremaneira produzir,
                      não consegue fluir
                      minha poesia...

                      só aos poucos...

                      dividida pela ausência
                      da métrica,
                      fatigada na comunhão
                      do signo linguístico.

                      É sangue.

                      Por isso,
                      além da imagem
                      de um belo e cheiroso
                      priquito,
                      há salvação
                      no talento, na imaginação
                      e na arte,

                      enfim,
                      na sublimação.


                                                                       Yuri Hícaro






                     

terça-feira, 16 de outubro de 2012

SONETO

                                                     ALVARES DE AZEVEDO


O Byron do Romantismo Melancolico da Segunda Geração 



Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ele dormia!

Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonho se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ANNABEL LEE





EDGAR ALLAN POE - POETA






Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.


Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor -
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.


E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.


E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.


Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.


Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim 'stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.


Vincent Price - ator conhecido por interpretar personagens de Poe


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

LIBERTAÇÃO







POETISA MOSSOROENSE


Que venham me calar...
Eu não calarei!

A saliva que circula em minha boca
lançarei na face do que julga com crueza
aqueles que não encontram
armas para sua defesa.
 
Calem a boca
os que atacam,
os que matam!
lavem a boca para falar dos que morrem!

Perigosos são os que destilam veneno
aos ouvidos desatentos,
que balançam as cabeças e dizem amém!

Eu não vou abrir mão da autopia,
não me cabe a tua mais-valia
que tudo corrompe
e tudo detém!
eu acredito na paz...
Não me venham com guerra!
que se unam os lares,
que se faça a divisão igual da terra!

Enquanto o homem dominar o homem
e for fatalismo o discurso reproduzido,
quanto a vida valerá?
até quando este neoliberalismo nos aniquilirá?
 
Liberdade, de verdade!
Liberdade, eu vou gritar!
Unir minhas mãos,
Repartir o pão, o chão
E você, então, virá!

                                                                             Camila Paula