segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

UM POETA NA MADRUGADA


 
Um Poeta
Uma fresta.

Um Apartheid
Um corpo que arde

Filosofia, sabedoria
Poemas, cantoria

São versos
Meus versos

Teus inversos
Pensamentos incompletos.
 
                                    Jonas Mario 
 
 
 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

ANTONIO NAHUD



Escritor baiano



Meu coração é selvagem
do meu chão brotam lírios
minha boca plumagem de colibris

minha pele animal felino
meu sangue árabe
minha poesia arrebatada

ave, Gullar! ave, Wally!

coleciono juventudes desperdiçadas
cacos de sensações

troco desanimo pulsando em vida
por força visionária para continuar
e continuar Cícero
e continuar Cecim
e continuar Hilst

troco amor por amor
com quem me ajuda a semear jasmins
João Cabral e sabiás

troco o impulso de me jogar pela janela
por versos de Leminski com vistas para o mar


ANTONIO NAHUD

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

HILDA HILST





Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.

Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.

Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.

Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.

                                                                          Hilda Hilst

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

MOTIVO


 
 
 
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
 
                                                 
                                                         Cecília Meireles
 
 
 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

FERNANDA FERNANDES





                  


Porque de solidão eu entendo,
Desejo que vai embora com a chuva.
O telhado parece me entender,
Observa-me, parece ler meu pensamento.
Será que tenho que jogar uma pedra em cada sentimento meu ?
Cortou as minhas asas,
Como voar se aprisionou meu coração ?  

Pode cuspir em minha dor.
Eu sempre deixo.
Escrevo você como poesia,
Não merece um verso,
Mas sempre lhe dou todo o livro.
O mundo parece fazer-me sonhar,
Mas não ...
É só teu olhar no meu
Tentando decifrar porque respiro assim
Quando estás ao meu lado.

                                                                            Fernanda Fernandes

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A(R)DOR





POETISA DE ALEXANDRIA - RN


  Adeus ardor adeus a dor
  Onde está o desejo?
  Para quem falava de amor!
  Onde está o caminho?
  O brilho no olhar
  os beijos ardentes,
  agora só o rancor.


                                                             Paloma Oliveira




sexta-feira, 18 de outubro de 2013

SER OU ESTAR



Mario Gerson - poeta, escritor,  jornalista e editor.





Mil olhos espreitam ideais.
Nas esquinas, as pessoas cochicham da existência.
Outras se permitem devanear pela cidade,
Enquanto os fantasmas se esbarram nas ruas
E se saúdam – efusivos – na doce loucura
De fecundar essa semente da frialdade.

Todos querem uma cruz e um sinal
Para conduzir a qualquer lugar...
Todos se redimem do seu mal,
Não querem apenas Estar,
Porque Ser ainda é o melhor caminho
- Pensam alguns – para estar sozinho.

                                                                   Mário Gerson





 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

CORAÇÃO ADORMECIDO



POETIZA POTIGUAR DA CIDADE DE PATU
             
Cicatrizes profundas do passado
tem deixado o meu peito dolorido,
onde meu coração dorme esquecido
tendo sonhos de amor...desenganado.

E por mágoa de um dia ter deixado
de entre sonhos de alguém, ser preferido
permanece em meu peito adormecido
com a porta trancada à cadeado.

Quem vier acorda-lo do seu sono,
pra tentar convencê-lo a ser seu dono
vai ter apenas, tentativas falhas,

nem adianta tentar constantemente,
que ele não vai querer ter novamente...
um amor pra viver só de migalhas.

                                                                      Lucélia Santos
  

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

SALAMANCA DE COLORES

David de Medeiros Leite




Monumentos
                   dourados
de história.
Tulipas
                coloridas
de vida.
                     Em cantos e
                     sagrados
                     recantos
                                       cintila
                                       florida
                                       primavera.

                                                              David de Medeiros Leite


                                                    

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O QUÊ QUE CORROMPE

Leonam Cunha - Poeta da Ilha de Maritacaca





Melhores ares hão de vir
e eu hei de cheira-los;
novos mares hão de haver
e eu hei de bebê-los;
hei de cair em toda esquina,
hei de tomar morfina
para esquecer todo esse mal,
que me cega, louco, me desatina

Só a liberdade sobre mim
tem autoridade.

                                                    Leonam Cunha

terça-feira, 1 de outubro de 2013

LEVEMENTE BREVE

José de Paiva Rebouças








Não busco pela juventude o motivo desse meu descaso,
é nela que espreito o tempo que ainda me resta - renego o
passado
pela beleza desta noite breve.
Casto de vento e sabre, breve aurora de medo,
cuspo e levanto uma vez por dia - a vida é breve, vêm me
dizendo,
mas breve sou eu para a vida breve.


                                                                            José de Paiva Rebouças


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

MEU MENINO VADIO


Escritora Mossoroense 





Teu sorriso inerme
 Ilumina o brilho dos teus olhos castanhos,
                                             Cílios negros...
 – Sempre esqueço meu olhar em teus acidentes;
                                                   INCÓGNITO –
 introvertido, tranquilidade externa aparente de uma mente
 Inquieta/inconstante que desperta em meu corpo feminal uma
espargia de desejo,
 Pela tua carne,
 Pela tua mente de menino-homem casto.
Eremita a caminhar em minha alma com argúcia ancestral,
Ergue, abre a rosa de mim.
Me completa de tua concupiscência crua.
Desacelera a minha urgência,
Com tua sábia paciência,
Apazigua-me em teus braços macios
Macios!

                                                                Michelly Moraes de Sousa




sábado, 14 de setembro de 2013

MENSAGEM: UNS OLHOS


 



É preciso
precioso e sincero
sobressaltar-se
à eminencia do belo.
É composto,
formidavelmente,
na conformidade do universo
concreto, na experiência
espiritual...na forma da luz.

Uns olhos, morena,
seus olhos...
surgiram imediatos e formaram
um caminho, novo caminho.
Uns olhos, morena,
seus olhos são reais...
Servo, amante de olhos brilhantes.
Olhos cuja virtude são seus pais!

Eu sinto,
eu sigo o varrer das águas,
fortes águas; essas mensagens
da vida em forma de amores..

Seus braços, morena,
meus braços.

Seus olhos, morena, seus beijos!

                                                  Yuri Hícaro

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

ROSALBA





Lá, entre o sono do sol
e o canto do galo,

sobrecerradas cortinas rosadas
resta Rosalba
governada
e sucumbida.

Camuflada entre a trepides
das mais bem polidas reservas
e a penumbra embaçada
da madrugada,

governadora convertida.

Parasita,

Rosalba rouba rosa,
chora trama enganadora
de misérias alheias...
Delinquente, Rosalba mente
vertendo vozes...
Fodida,
Rosalba vulgariza a poesia.

Na matina o estado se agita!

                                                            Yuri Hícaro





quinta-feira, 29 de agosto de 2013

D. FERNANDO, INFANTE DE PORTUGAL





Deu-me Deus o seu gládio, por que eu faça
a sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
às horas em que um frio vento passa
por sobre a fria terra.

Pôs as mãos sobre os ombros e doirou-me
a fronte com o olhar;
e esta febre do Além, que me consome,
e este querer grandeza são seu nome
dentro em mim a vibrar.

E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
pois, venha o que vier, nunca será
maior do que a minha alma.

                                                       Fernando Pessoa

terça-feira, 20 de agosto de 2013

MÁSCARA


Yuri Hícaro






Mascarada no riso...
no gozo, regozijo,
mascarada no riso.

Solidão, Frieza...
Esconderijo,
tristeza mascarada no riso.

Poderia explodir...
imperceptível.



sábado, 10 de agosto de 2013

ACHADOS



Iolanda Costa





ainda vão dar em festa
lúmen trinca fresta
todas as suas coisas escritas.
pressente o lago, a romã
a arché
e a chegada dos barcos
de velas sublinhadas
e tripulação inesperada.
conhece a página com o time aberto
ao escrevê-la inteira e sem resíduos.
hóstia e flor a destilar-se
em consoantes verbos, peregrinos.


sábado, 27 de julho de 2013

QUIMERAS

José Lima Dias Júnior, 18/07/2012.









Devaneios figurativos,
Cuja inocência,
De uma realismo onírico,
Cavalga no livre curso,
Ligando-se ao movimento,
Das direções aparentemente divergentes,
Liberto dos modelos exteriores,
De uma escrita inventada,
Da nudez escancarada,
Da verdade não achada,
Do desenho que obedece,
A um impulso interior,
Sem pretensão,
De captar das manhãs,
As aparências sonhadas,
De um mundo real,
Prolongando-se
Na sua singularidade,
As intermitências da morte,
Onde impõe o silêncio,
Em traços leves e dispersos,
Que ultrapassa o horizonte encorpado
Pelo lume viscoso do tempo,
Se encurvam, se transformam
Num espelho que reflete a luz,
De uma natureza mais nobre,
Cujas, as linhas curvas e alongadas
Transmitem a melancolia das tardes,
Que contrasta com a alegre noite,
Preservando a sensação
De espaço livre e vazio,
Cuja força criadora conservou.


 


sábado, 20 de julho de 2013

DILACERADOS



Mário Gerson - Poeta Mossoroense


Eu te dilacero,
Tu me dilaceras
E na saga diária dessa carnificina nossa
Meu peito vai sangrando a ardilosa
E sutil queda dos seres
No nada que se forma de prazeres.

Eu te dilacero,
Tu me dilaceras...
E no açougue de nossas almas
Os corpos vão sangrando outras plagas...

Tu me dilaceras,
Eu me dilacero
E, somente assim,
Desprendido de mim,
É que me vejo na sombra
Do que me encerro.

Eu me dilacero em efêmeros terremotos,
Em noites sombrias e densas,
Em intensidades e vertigens,
Em solidões e devaneios,
Enquanto Pink Floyd toca na sala
E os vinis me espreitam!

Tu te dilaceras e eu te dilacero...
Assim, seguindo esta jornada,
De capinar no peito e na alma,
Arrancamos a carne na madrugada.

Mário Gerson