quinta-feira, 6 de março de 2014

ESSA NÊGA FULÔ



Arturo Gouveia



Sempre que por mim passas, ó ninfeta,
em janelas de sonhos me debruço...
Tremo, coro, me engasgo, babo, tusso:
É teu corpo me enchendo de muleta.

Aguço o pulso cheio de soluço
e te dedico esplêndida punheta.
Deslizo e bailo a língua na buceta
com a fineza de um dançarino russo.

Enquanto com conceitos sofrem os sábios,
eu já me imortalizo com teus lábios
que deixam minha pomba despelada.

Na velhice, que a mente desarranja,
quando teu cu embranquecer a franja,
sempre me lembrarei dessa trepada.

                                                                     Arturo Gouveia



Nenhum comentário:

Postar um comentário