terça-feira, 12 de janeiro de 2016

TRAVESSIA




Aqueles que atravessam a cidade,
atravessam a eternidade.
Os bares, as esquinas e as janelas
não apontam os mortos,
mas há uma afinidade que os une
e revela a solidão dos homens;
a existência dos homens no mundo
e o nome pelo qual a vida é desconhecida.
Aqueles que atravessam a cidade,
atravessam a si mesmos,
aleatoriamente,
como uns loucos sem um mapa à vista.
Se de algum modo existem,
não sabem onde estão e aonde vão.
A cidade é o labirinto dos homens,
o que os move para o encontro atrás da porta
onde a vida se chama travessia.



                                                                          José Saddock de Albuquerque

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