Nas cordas de um bandolin.
Se aquelas cordas vibrando
Valsando num labirinto,
Revelassem-me o tanto
Do ardor da dor que não sinto...
Eu pontilharia um véu
Riscava traços no céu
Com os dedos de um querubim.
Pareceu-me mais magia,
Meu nada se dissolvia
Nas cordas de um bandolin.
Canoras cordas bailaram
Sussurrando em meu ouvido,
Sem querer sonorizaram
Um silêncio já perdido...
Puseram fogo no lume,
Transformaram meu negrume
Num azul leve, marfim.
Inocente, qual criança,
Afoguei minha lembrança
Nas cordas de um bandolin.
Cordas em nota dorida,
Eram flagelos de açoite,
Um navio "volta-à-vida"
Em apenas uma noite...
Eu apurei a fragância
Que fiz a doses de ânsia
Lá nos recantos de mim;
Meu eu me reconheceu
E ela reapareceu
Nas cordas de um bandolin.
Viajei em mim por dentro
Após sísmicos abalos,
Mas não achei o epicentro
Só vi os restos dos halos...
Encontrei um homem rude
Dedilhando um alaúde,
Qual boêmio em botequim
Com o olhar meio esguio
Transbordando seu vazio
Nas cordas de um bandolin.
Pequenas notas notaram
A paixão voltando às bordas
E as cordas concordaram
Que ainda estou preso às cordas;
De um eu que me faz deboche
Por me fazer de fantoche
No escuro do camarim...
À morbidez do meu quarto
Se eu lembrar dela me parto
Nas cordas de um bandolin...
Empossado na Academia de Trovadores do RN no último 30 de Abril, Manuel Castro, amigo e contemporâneo (não bastando sermos da mesma cidade), merece essa honrosa postagem como
ResponderExcluirhumilde forma de agradecimento a todo serviço prestado ao compromiço da arte, pelos seus
versos...as cores do seu negrume no azul leve...
O poeta potiguar é o atual vencedor do FESERPE (Festival Sertanejo de Poesia), que ocorre anualmente na cidade de Aparecida/PB.
força, amigo, na batalha...
Obrigado, meu nobre. Tudo que mandaste para mim, que seja para nós e para todos aqueles que um verso faz fever a idéia.
ResponderExcluirUm abraço.