terça-feira, 23 de agosto de 2011

RUA (TRAIRI)

                                                                                                                

                                                                         Zila Mamede







Nos cubos desse sal que me encarcera
(pedra, silêncios, picaretas, luas,
anoitecidos braços na paisagem)
a duna antiga faz-se pavimento.

Meu chão se muda em novos alicerces,
sob as pedreiras rasgam-se meus passos;
e a velha grama (pasto de lirismos)
afoga-se nos sulcos das enxadas,

nas ânsias do caminho vertical.
Ao sono das areias abandonam-
se nesta rua vívidos fantasmas

de seus rios-meninos que descalços
apascentavam lamas e enxurradas.
Meu chão de agora: a rua está calçada.








Um comentário:

  1. Eis uma homenagem ao maior nome da poesia potiguar: Zila Mamede...Aos seus trabalhos em contribuição aos estudos da obra de Câmara Cascudo, às suas análizes dos poemas de João Cabral de Melo Neto, e sobretudo à sua poética genuinamente humana!!!
    A segunda imagem é a poetisa, bastante jovem,
    próxima ao mar, sempre presente em sua vida, em sua poesia e também em sua morte...

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