quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Gregório de Matos Guerra

Gregório de Matos





 A cada canto um grande conselheiro,
 que nos quer governar cabana e vinha;
 não sabem governar sua cozinha,
 e podem governar o mundo inteiro.

 Em cada porta um bem frequente olheiro,
 que a vida do vizinho e da vizinha
 pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
 para o levar à praça e ao terreiro.

 Muitos mulatos desavergonhados,
 trazidos sobre os pés os homens nobres,
 posta nas palmas toda a picardia,

 estupendas usuras nos mercados,
 todos os que não furtam muito pobres:
 e eis aqui a cidade da Bahia.

3 comentários:

  1. É possível constatar sobretudo uma coisa. Sendo feita a comparação entre o conteúdo deste soneto escaldante do século XVIII,e a realidade sócio-cultural do Brasil hoje...NADA MUDOU!!!
    Foi aí no Barroco que o nosso país começou a caminhar em busca de uma indentidade própria à nossa literatura.

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  2. Que os 'bocas do inferno' continuem o legado do Saudoso Gregório de Matos e prosigam, através da arte, denunciando e relatando o descaso em que vivemos...

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