R. Leontino Filho
imaginar os passos
o som lento
a construção da tristeza
imaginar as dívidas
o ritual ancestral
a canção absurda da terra
imaginar os exílios
a saudade farta
a pátria em pedaços
no hemisfério dos olhos
a imaginação passeia
doce migração dos lares
no hemisfério dos olhos
a memória registra o arco-íris
larga solidão dos reinos
no hemisfério dos olhos
o poema desencarna
fria calmaria dos becos
a língua no hemisfério dos olhos
nem imagina as migalhas de culpa
cuspindo vícios
rachando cabeças
afogando sombras
a lágrima no hemisfério dos olhos
nem imagina os restos de sonho
moldando passos
devorando sentidos
borrando tristezas
imaginar todo hemisfério
é revolver o inverso dos olhos
tudo descontar, à revelia
separar pedaços de crepúsculo
misturar pousos
romper acordos
todo hemisfério é imaginação
inocência gasta
v a d i a
Em destaque, lágrima, do poeta e também professor
ResponderExcluirda Universidade do Estado do Rio Grande do Norte,
o gigante Leontino que da simplicidade ficaram
suas pegadas no campus de Pau dos Ferros, onde ministrou aulas marcantes de Literatura...
Partida inteira
ResponderExcluirseu poema
banha imanta olhos sedentos
partida inteira
minha face
trancada sem sonhos alimento
partida singela tangida monumento...
Belíssimo poema. Sensibilidade aguçadíssima.
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