domingo, 19 de agosto de 2012

OH CAPITÃO! MEU CAPITÃO!




Conciderado maior poeta da literatura americana






Oh capitão! Meu capitão! terminou a nossa terrível viagem,
O navio resistiu a todas as tormentas, o prémio que buscávamos está ganho,
O porto está próximo, oiço os sinos, toda a gente está exultante,
Enquanto seguem com os olhos a firme quilha, o ameaçador e temerário navio:
Mas oh coração! coração! coração!
Oh as gotas vermelhas e sangrentas,
Onde no convés o meu capitão jaz,
Tombado, frio e morto.

Oh capitão! meu capitão! ergue-te e ouve os sinos;
Ergue-te, a bandeira agita-se por ti, o cornetim vibra por ti;
Para ti ramos de flores e grinaldas guarnecidas com fitas, para ti as multidões nas praias,
Chamam por ti, as massas agitam-se, os seus rostos ansiosos voltam-se;
Aqui capitão! querido pai!
Passo o braço por baixo da tua cabeça!
Não passa de um sonho que, no convés,
Tenhas tombado, frio e morto.

O meu capitão não responde, os seus lábios estão pálidos eimóveis,
O meu pai não sente o meu braço, não tem pulso nem vontade,
O navio ancorou são e salvo, a viagem terminou e está concluída,
O navio vitorioso chega da terrível viagem com o objectivo ganho:
Exultai, ó praias, e tocai, ó sinos!
Mas eu com um passo desolado,
Caminho no convés onde o meu capitão jaz,
Tombado, frio, morto.


WALT WHITMAN









Walt Whitman, "Recordações do Presidente Lincoln" in Folhas de Erva,
Lisboa, Círculo de Leitores, 2006 (tradução de Maria de Lurdes Guimarães)

Um comentário:

  1. Outro célebre poeta, uma genialidade da literatura norte americana, imortalizado no filme "A Sociedade dos Poetas Mortos"...

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