sábado, 15 de fevereiro de 2014

PEDRO FERNANDES


Poeta Potiguar




(i)
nomes estranhos
me entranham

– flores, dores...
ares de aço
poesia, afasia

sobras de sonhos
cores, pássaros
postais sem selo –

(ii)
as noites custam
muitos nomes

ausência, bolsos vazios
versos negros cerzidos
na margem branca
do tempo

corpo nu contra luz
gestos de amor desalmado
intimidades que nos apavora

(iii)
de fora do poema
todo poeta está só
é entranha vazia de nomes

para um verso
há de sobrar
palavras despidas de ternura
usura, procura

há de sobrar
mãos supérfluas
palavras que não soubemos aprender

(iv)
cuido de estranhar-me
ir contra a palavra

e em mim nada morre
é tudo espera

ora corre para um
passado desarrumado

um presente fazendo-se
e o futuro num canto
enviesado do sorriso

nomes estranhos
nãos não dados
partida
                                                     Pedro Fernandes

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