terça-feira, 11 de agosto de 2015

TRISTEZA DE ZARATUSTRA

Othoniel Menezes 

Por mais que o ansioso olhar abra, na imensa treva
do meu imenso orgulho, os segredos fecundos
das causas e das leis, na harmonia primeva,
- nunca decifrarão, meus olhos moribundos!

Meus impulsos febris, meus sarcasmos profundos,
e o ódio - o jaguar que o meu instinto ceva -,
não valem contra a força onímoda, que eleva,
no espaço, a multidão luminosa dos mundos!

Rebelde e alucinado, ando a acordar, em gritos,
essas dores mortais, meus males infinitos,
- síntese atroz do mal que, em todo crânio, estala...

...Entretanto, ao redor de mim, tudo é grandeza!
Mesquinho semideus, diante da Natureza,
é um mísero trilar de inseto, a minha fala...


                                                                        Othoniel Menezes


Um comentário:

  1. Este poema foi uma indicação feita pela escritora e jornalista Sheyla Azevedo. E para endossar o registro, nada como uma fala de Tarcísio Gurgel sobre o 'príncipe dos poetas' : "Do poeta natalense Othoniel Menezes pode-se dizer com segurança
    que foi, na boa feição parnasiana, um obcecado pela forma.
    Mas, tal afirmativa não dá conta da complexa posição que o
    poeta ocupa na literatura local. Porque, à boa maneira de Sísifo,
    personagem mitológica que teima em levar ao topo de uma montanha
    – até a eternidade – uma enorme pedra, que rolando de
    volta obriga-o a um eterno recomeço, assim também ele, adepto
    do formalismo que consagrou e revelou os excessos estilísticos de
    um Alberto de Oliveira, tentará, até o final da vida uma paradoxal
    aproximação com a simplicidade na criação poética.

    Fonte: Preá 27 Maio, Junho, Julho 2014
    othonielmenezes.com.br

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